Jorge Aragão: Resgata o Samba com Colaborações do Rap Brasileiro
Em meio à festiva eufonia das rodas de samba, Jorge Aragão destaca seu viés ativista no álbum “Projeto Identidade”. O título remete ao icônico samba “Identidade”, lançado pelo artista carioca em 1992. A proposta é recontextualizar o caráter político do samba de Aragão por meio de releituras que o conectam a proeminentes nomes do rap brasileiro.
No elenco de convidados do “Projeto Identidade”, encontram-se BK, Emicida, Djonga, L7nnon, Negra Li, Rappin’ Hood e Xamã, junto à talentosa Liniker e Xande de Pilares. Exceto por Xande, com quem Aragão gravará uma música inédita, os demais artistas reinterpretam, em colaboração com o autor, composições em que Aragão expressa orgulho negro, confronta o racismo e enaltece o samba como legado ancestral do povo preto.
L7nnon, por exemplo, redefine “Cabelo pixaim” (Jorge Aragão e Jotabê, 1977) para “Cotidiano pixaim”. Djonga assume “Moleque atrevido” (Jorge Aragão, Flávio Cardoso e Paulinho Resende, 1998), agora intitulado “Respeita” na colaboração com Aragão. Rappin’ Hood recria “Dobradinha light” (Jorge Aragão, 2003) como “Mafuá”. BK assume o papel de Baco Exu do Blues na reinterpretação de “Preto, cor preta” (Jorge Aragão, 1999), renomeado “Inter’Preta cor”.
Xamã fica com o samba romântico “Eu e você sempre” (Jorge Aragão e Flávio Cardoso, 2000), agora chamado “Sempre eu e você”. Os títulos se transformam à medida que os rappers incorporam versos inéditos, em harmonia com o espírito engajado do samba de Jorge Aragão, um compositor com uma aguçada consciência negra. “Projeto Identidade” emerge como um testemunho colaborativo que resgata a rica herança política e cultural do samba.