Deixa a Viola Me Levar: Álbum Póstumo de Mestre Manelim
Nas terras áridas e poéticas de Porto de Manga, no sertão do Urucuia, nasceu Manoel Neto de Oliveira em 1933. Nesse mesmo rincão, em 1977, o violeiro, compositor e escritor paulistano Paulo Freire teve seu primeiro encontro com o lendário violeiro local, Seu Manelim. A relação entre os dois resultou no álbum póstumo “Deixa a Viola Me Levar”, programado pelo Selo Sesc para lançamento em 12 de março de 2024.
A iniciativa para este projeto partiu de Freire e do violeiro e pesquisador musical Cacai Nunes, ambos dedicados a preservar o legado de Manelim, que nos deixou há quatro anos, em 21 de janeiro de 2020. O álbum apresenta 17 gravações inéditas do violeiro, sendo 15 de sua própria autoria, além de duas faixas de domínio público: “Toada de Reis” e “São Gonçalo”.
O título do álbum, “Deixa a Viola Me Levar”, reflete não apenas a maestria de Manelim com o instrumento, mas também a profunda conexão entre o sertanejo e sua viola, como expressou Freire: “Convivendo com Seu Manelim, percebi que o aprendizado da viola vai além do instrumento. O sertão mora dentro do bojo da viola.”
O repertório diversificado inclui toques de viola, lundus e trilhas dançantes de manifestações folclóricas do sertão mineiro, como as folias e a Dança de São Gonçalo. As gravações foram feitas em diferentes momentos e locais, proporcionando uma jornada musical que abraça a rica herança cultural de Manelim.
O álbum se inicia com o título homônimo “Deixa a Viola Me Levar” e segue com composições como “Pica pau”, “Lundu em rio abaixo”, “Caminho da roça” e “Mazurca”. As faixas revelam a versatilidade e a profundidade do universo musical de Manoel Oliveira.
“Deixa a Viola Me Levar” é mais que um registro musical, é um tributo à riqueza da tradição da viola caipira e à alma do sertão mineiro, perpetuando a memória de um mestre que soube expressar, através de sua arte, as nuances e as histórias do interior do Brasil. O álbum promete ser uma celebração emocionante e autêntica da cultura caipira.